DO BARRO AO VERBO
UMA TRAVESSIA NORDESTINA DE PENSAMENTOS
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QUANDO A ALMA ENTRA EM INVERNO

 

"Quando estamos sem folhas e aparentemente sem vida, chegando nossa alma a ser como árvore de inverno, não imaginemos que machado nos derribará, porquanto a substância permanece em nós, mesmo que tenhamos perdido as folhas, e dentro em pouco chegará a época em que os pássaros cantam, sentiremos o calor cordial da primavera e nossa vidas serão novamente cobertas de flores e carregadas de frutos." — Charles H. Spurgeon, Um Ministério Ideal

 

A metáfora usada por Spurgeon revela uma das mais profundas verdades da vida espiritual: nem sempre estaremos em estações de flores e frutos. A alma humana, assim como a natureza, atravessa ciclos de luz e sombra, de crescimento e de espera. Há momentos em que a vitalidade parece desaparecer, quando a fé esfria, a esperança se retrai e o coração se sente estéril como uma árvore despida em pleno inverno.

 

No entanto, Spurgeon nos recorda que o inverno não é o fim. A ausência de folhas não significa a ausência de vida. A raiz permanece viva, a seiva continua circulando, ainda que invisível aos olhos. O silêncio do inverno prepara a exuberância da primavera. Assim também é o cristão: mesmo em seus desertos espirituais, permanece sustentado pela graça de Deus, cuja fidelidade não se altera com as estações da alma.

 

O perigo está em interpretar o inverno como morte definitiva. A depressão espiritual, a estagnação ministerial ou o abatimento emocional podem fazer-nos acreditar que fomos abandonados ou que nossa história chegou ao fim. Mas, como ensina Spurgeon, a substância permanece. Deus preserva o que é d’Ele, e o Espírito continua trabalhando, mesmo quando não sentimos ou vemos resultados imediatos.

 

A promessa da primavera é inevitável. O Senhor é quem determina as estações, tanto no mundo criado quanto na vida de Seus filhos. O inverno pode nos despir, mas também nos purifica e fortalece as raízes. Quando chegar a hora, o canto dos pássaros anunciará um novo ciclo: flores nascerão, frutos se multiplicarão, e o que parecia desolação se revelará como preparação.

 

Assim, a citação de Spurgeon é um convite à paciência e à esperança. Se hoje a alma parece árida e fria, lembremo-nos: não há inverno eterno. O Deus da vida é também o Deus da estação nova.

 

Conclusão. O ministério e a vida cristã são marcados por altos e baixos, mas a fidelidade de Deus atravessa todas as estações. Confiemos que, ainda que as folhas tenham caído, a raiz permanece firme. A primavera chegará, e com ela, flores e frutos abundantes para a glória de Deus.

 

 

Jeovan Rangel
Enviado por Jeovan Rangel em 16/08/2025
Alterado em 16/08/2025