A ETERNIDADE DO AGORA
O ser se dá no abismo do presente.
Não há memória: o tempo não persiste.
Nem há promessa: o porvir é um triste
vazio vestido de ouro reluzente.
O instante é Deus — se mostra e logo mente,
se acende em nós, depois se contradiz.
Mas é no agora que o real se diz:
ser é estar, tão livre quanto ausente.
Projeção é o passado, antecipação o futuro,
mas o instante… esse é nu, absoluto.
Não se calcula o que é puro e impuro.
Tudo o que há é um sopro resoluto
que não se pensa — apenas se respira.
No agora está a essência do absoluto.