A ÉTICA DO ERRO E O PESO DA MENTIRA
Errar é condição humana, marca indelével da nossa incompletude. Somos seres lançados no mundo, como diria Heidegger, em constante vir-a-ser, incompletos em nossa essência, aprendizes da própria existência. Por isso, o erro não deve ser apenas tolerado — ele deve ser compreendido como parte inevitável da trajetória do viver.
No entanto, o que define nossa humanidade não é a ausência de falhas, mas o que fazemos diante delas. Assumir um erro é, por vezes, um ato de coragem ética; é olhar-se no espelho do próprio abismo e, mesmo assim, não desviar os olhos. É a nobreza de quem escolhe a verdade, não por conveniência, mas por convicção moral.
A verdade é simples porque é inteira. Não exige artifícios, não demanda memória para sustentar versões, nem esforço para sustentar aparências. A mentira, ao contrário, é um fardo. É um labirinto que se constrói à medida que se caminha, exigindo do mentiroso uma constante vigilância contra o colapso da farsa. E mais que isso: toda mentira, por menor que pareça, carrega em si o germe da injustiça. Ela se alastra como praga, atingindo não apenas aquele que mente, mas também os que, em sua inocência, confiam.
A manutenção da mentira prolonga a maldade no tempo. É um mal que se recusa a morrer, alimentado pela omissão e pela vaidade. Nesse sentido, o mentiroso não mente apenas contra a verdade dos fatos — ele mente contra o tempo, contra a confiança e contra a dignidade humana.
Portanto, admitir um erro é um ato que purifica o espírito e realinha o sujeito com sua verdade interior. É também um gesto de respeito para com os outros, pois devolve a eles o direito de saber, de escolher e de julgar com base na realidade, e não em sombras.
Em um mundo onde a verdade muitas vezes é sacrificada em nome da conveniência, resta aos homens íntegros a escolha difícil, mas libertadora, de viver de forma autêntica — mesmo que isso custe a própria imagem. Porque, em última instância, a verdade pode doer no início, mas a mentira corrói eternamente.
"Hoje o Facebook me trouxe uma doce recordação: um texto que escrevi exatamente em 1º de julho de 2017. Reli, me emocionei... e decidi compartilhá-lo no meu site. Passa lá e me diz o que achou!"