A COR DE DEUS
Sou preto no branco, feito contraste que dança.
Sou pardo no marrom, mistura viva, identidade que escorre entre os dedos de quem tenta definir.
Sou amarelo, sou traço, sou tom — nuance de sol em pele viva,
sou o elo que une o que a ignorância separa.
Carrego em mim as cores do mundo,
sou multicolor, como um céu depois da chuva,
como a paleta divina que se recusa a ser reduzida a um só tom.
Pra que rotular?
Pra que fechar em caixas o que nasceu para ser horizonte?
Cada rosto, cada traço, cada riso é pincelada da mesma mão:
a de Deus, o Artista dos artistas,
que esculpiu na diferença a beleza,
e na pluralidade, a sua assinatura.
Somos uno,
mesmo sendo tantos.
Na mesma obra.
Na mesma arte.
Em toda parte.