SEMEIE CHORANDO

Por Jeovan Rangel 

Semear chorando é semear sem ver, de imediato, os frutos da colheita. É plantar sem garantias visíveis, mas com fé. Não há como semear sem lágrimas, pois a semeadura antecede a colheita — este é o princípio eterno estabelecido por Deus: primeiro planta-se, depois colhe-se. “Os que com lágrimas semeiam, com júbilo segarão” (Salmos 126.5).

Semear chorando é semear mesmo quando não se vê esperança de retorno. É agir conforme o conselho de Eclesiastes 11.1: “Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás”. O semeador não se move pelo que sente, mas por fidelidade ao propósito. Ele planta não porque tem certeza do resultado, mas porque entende que a semeadura é parte essencial de sua vocação. Ele planta porque é isso que ele é: um semeador.

Semear chorando é colocar no solo o grão que hoje falta à boca. É o sacrifício presente em favor de um futuro possível. É renunciar ao conforto do agora por um amanhã com esperança. É acordar de madrugada, vencendo a preguiça, para estudar, trabalhar ou preparar a refeição que, mais tarde, talvez nem seja saboreada com prazer. Mas a consciência do esforço dá sentido a tudo.

A vida, à luz das Escrituras, é feita de esforço e dedicação. “No suor do teu rosto comerás o teu pão” (Gênesis 3.19). Portanto, semear chorando é viver com dignidade, mesmo no sofrimento. É andar em integridade, não buscando reconhecimento, mas confiando que, a seu tempo, “os humildes serão exaltados” (Tiago 4.10).

Essa semeadura é para os que compreendem que a vida é feita de contrastes: lágrimas e sorrisos, insônia e descanso, sonhos e frustrações, sombra e luz, vales e montes, medo e paz, perdas e conquistas. “No mundo tereis aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (João 16.33), disse Jesus.

Ninguém chega ao topo da montanha sem subir; ninguém sobe sem suar, sem se cansar, sem tropeçar pelo caminho. Ninguém atravessa o rio sem nadar ou buscar um barco. Ninguém chega ao destino sem fazer a jornada. Ninguém conclui um livro sem lê-lo página por página. Ninguém constrói uma casa sem assentar tijolo por tijolo. Ninguém forma uma biblioteca sem reunir livros, um a um. Ninguém alcança a aprovação em um concurso ou conclui um curso sem abrir mão de festas e lazeres.

Semear chorando é entender que tudo tem seu tempo determinado (Eclesiastes 3.1) e que a glória da colheita só vem depois da fidelidade na plantação. É abrir mão de muitas coisas para alcançar algo de valor eterno. “Quem ama a sua vida perdê-la-á, mas quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna” (João 12.25).

Semear chorando é ter convicção de que não há missões impossíveis, apenas missões que precisam ser cumpridas com fé, esforço e dependência de Deus. “Tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Romanos 8.28).

Por fim, semear chorando é fazer o que precisa ser feito com diligência e consagrá-lo a Deus. Não é apenas agir com esforço humano, mas dedicar esse esforço como oferta viva ao Senhor (Romanos 12.1). E, quando a colheita vier, ela será acompanhada de júbilo, pois o choro terá cumprido seu papel e a fidelidade será recompensada.

“Aqueles que saem chorando enquanto lançam a semente, voltarão com cantos de alegria, trazendo seus feixes” (Salmos 126.6).