O COLO QUE FICOU NAS PAREDES
A casinha de porta estreita e janelas simples, onde cada parede conhecia minha história. Onde a luz entrava tímida, mas o amor transbordava farto. Onde o cheiro do café se misturava ao seu abraço, mãe, e o tempo parecia desacelerar para caber na ternura do seu cuidado.
Essa casa era pequena — mas dentro dela morava um universo inteiro: você. Hoje, ela não está de pé, firme como seu amor sempre foi. Mas a ausência do seu riso ecoa no silêncio das paredes, e a saudade lateja no chão batido da lembrança.
Volto a ela em pensamento e é como se voltasse para o seu colo. A dor de não te ter mais aqui se mistura à gratidão imensa por ter sido teu filho.
E no Dia das Mães, meu maior presente é a memória: do cheiro da comida no fogão, da voz me chamando pelo nome completo, das broncas doces e dos conselhos que hoje são bússola.
Essa casa... ainda que o tempo a tenha mudado, nunca apagará o que foi: um lar, porque você estava lá dentro. E mesmo que ela não exista — mesmo em fotografia — será sempre um refúgio de amor. O amor seu, mãe. O amor verdadeiro. O que nunca se acaba.