POR TODOS OS MEUS DIAS
Hoje, 30 de abril, fazem exatamente três anos que você se foi.
Todos os dias, minha mente me traz lembranças suas. Há poucos dias estive em frente à sua casa, onde tantas vezes fui recebido com carinho e onde comi aquela carne de sol frita, feita como só você sabia preparar. Fiquei ali, parado, imaginando todos os cenários possíveis... Você na sala, na cozinha, na porta de casa, sentada na calçada junto ao meu pai, ou conversando com a vizinha em frente. Quantas vezes passei e me somei a essas conversas simples e tão preciosas.
Agora, com a proximidade do aniversário da sua partida, tenho sonhado ainda mais com você. Em alguns momentos, sinto até o seu cheiro — até mesmo aquele cheiro que eu não gostava quando estava cuidando de você, dando banho, passando óleo no seu corpo para que não surgissem feridas. Até esse cheiro hoje me faz falta.
Nunca imaginei que você me faria tanta falta. Nunca pensei que, um dia, me sentiria tão só no mundo como me sinto agora, depois de ter perdido você e o meu pai. Hoje, eu compreendo de verdade o significado da palavra "órfão". Não tenho mais ninguém em quem confiar, ninguém que me passe aquela certeza silenciosa de que, acontecesse o que acontecesse, eu estaria protegido.
O isolamento, as muitas vezes em que estive ao seu lado e não te abracei, não te beijei, não te disse que te amava... Eu me arrependo. Arrependo-me profundamente. E muitas vezes eu choro por isso.
Vocês dois eram a minha única e verdadeira família. Porque pai e mãe são a verdadeira definição de lar. Hoje, tantas vezes, minha mente me leva de volta ao passado, quando eu era apenas uma criança, e cada lembrança sua me atravessa como uma flecha. Quando pequeno, só de pensar na possibilidade de perder você ou meu pai, a dor me esmagava. Depois, já adulto, outras urgências da vida me distrairam, e eu, sem perceber, deixei vocês em segundo plano. Nunca por falta de amor, mas por uma imaturidade que hoje me pesa demais no peito.
E agora, sem minha mãe, sinto que não tenho mais ninguém.
Quero que você saiba que, enquanto eu viver, você estará viva em minhas memórias, nos meus arrependimentos e, principalmente, no amor que sempre senti e que talvez tenha falhado em demonstrar da maneira como você merecia.
Naquele momento em que você partia, eu lhe disse: “Mãe, eu te amo. Sempre te amei, mesmo que a senhora nunca tenha acreditado.”
Ainda tenho tanto para te dizer... mas você não está mais aqui. Resta-me a esperança e a fé de que, um dia, a gente se reencontre — do outro lado da vida, na verdadeira vida para a qual fomos criados: a eternidade com Deus.
Saudades eternas do seu único filho.