NUNCA ESTOU SÓ!
Quando me virem a conversar, sozinho não estou. Não se engane aquele que passa e me vê, de boca murmurante, olhos vagando no vazio ou fixos num ponto qualquer. Se meus lábios se movem, é porque há companhia; se meus ouvidos escutam, é porque há vozes.
Falo com quem me dá atenção — e essa gente é rara, porque ouvir exige alma, exige pausa, exige coração disposto a acolher palavras como quem recolhe estrelas no breu da noite. E falo com gente inteligente, porque o pensamento se alimenta de ecos profundos, de diálogos invisíveis que transbordam dos livros, da memória, dos rastros de sábios que o tempo não apaga.
Quando me virem a sussurrar segredos ao vento, saibam: converso com poetas que já partiram, com filósofos que desafiaram séculos, com personagens que nunca existiram mas que me conhecem melhor do que muitos vivos.
Não me julguem só, porque solidão é outra coisa — e essa, não me visita quando estou em boa conversa.