MEU PECADO
No espelho vejo o peso que me invade,
A sombra do desejo mal contido.
Nas tramas do silêncio, em vão, duvido,
Se sou culpado ou presa da vontade.
Minha alma dança entre o bem e o mal,
Num palco onde a luz já não clareia.
O grito, sufocado na cadeia,
É prece ou chaga de um amor fatal?
Porém, se o erro é chama que me aquece,
Por que a culpa então me faz cativo?
Seria o meu pecado o mais altivo,
Ou mero eco do que a vida tece?
Se há dor no que me faz sentir tão vivo,
Prefiro a cruz ao cárcere passivo.
Prado, Bahia, 05 de Dezembro 2019