O TEMPO, O NOVO E NÓS MESMOS
Feliz Ano Novo? Essa é a pergunta que ecoa em coros, em festas, em celebrações. Mas será mesmo "novo" este ano que se inicia, ou é apenas a continuidade do tempo, essa força imensurável que parece nos envolver? O tempo, afinal, não passa; ele é. Nós é que passamos por ele, como viajantes em uma estrada eterna, marcando o percurso com nossas percepções, mudanças e intenções.
Se o tempo é imutável em sua essência, resta-nos perguntar: o que realmente muda? Nós, ou o próprio tempo? Talvez o "novo" que buscamos esteja menos no calendário e mais em nossas disposições internas. O ano não se transforma por si só, mas nós temos o poder de nos transformar. Contudo, aqui reside a provocação: se não operarmos em nós as mudanças necessárias, elas ocorrerão por algum movimento externo ou seremos destinados à inércia?
A mudança verdadeira exige esforço. Não é o simples virar de uma página que nos transforma, mas o questionamento profundo, a decisão consciente de enfrentar o que somos e projetar o que queremos ser. Sem essa intenção, o "novo" será apenas uma repetição, uma ilusão renovada pelo desejo de escapar da monotonia de nossas vidas.
O tempo nos ensina algo fundamental: ele não é nosso aliado ou inimigo, mas um espelho. Ele reflete a nossa capacidade de criar significado, de transformar experiência em aprendizado, de agir ou de nos deixar arrastar pela correnteza. O tempo é como o vento; ele não muda de direção, mas podemos ajustar as velas.
Portanto, ao celebrar este "Ano Novo", a verdadeira questão é: estamos prontos para nos tornar novos? Se a mudança é inevitável, por que não guiá-la? Se o tempo é constante, por que não sermos nós o elemento variável? Feliz Ano Novo, sim. Mas, acima de tudo, feliz transformação, feliz jornada, feliz despertar.