TRABALHE, SEUS RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS. Parte 3

A primeira grande lição que a psicanálise tem a nos oferecer em relação às relações interpessoais e como podemos lidar melhor com elas e de forma geral é: seja mais compreensivo. A psicanálise descobriu, os psicanalistas descobriram na sua experiência clínica, que o nosso comportamento sofre a influência de fatores inconscientes, de pensamentos inconscientes, de fantasias inconscientes e medos inconscientes. O nosso comportamento, a nossa fala, sofrem a influência desses elementos inconscientes.

Não necessariamente, quando alguém faz algo a você e você não gosta, você se sente ameaçado e também irritado. Esse alguém faz o que está fazendo, sabedor e tendo o controle sobre o que ele está fazendo. Ele está tendo consciência plena sobre as motivações que o levaram ou o levam a fazer aquilo, sobre as possíveis consequências que o ato causará a você. Não necessariamente a pessoa tem ou terá essa consciência e, ainda, que ela ache que tenha essa consciência, não necessariamente estará tendo uma percepção objetiva da realidade. Ela pode estar sofrendo a influência de determinados fatores inconscientes, e nesse sentido, se você levar esse pressuposto em consideração, você se torna automaticamente uma pessoa mais misericordiosa, mais compreensiva. Você passará a ter mais paciência com as pessoas quando se envolver numa discussão. Uma discussão de relacionamento, por exemplo, que você está tendo com seu namorado(a), como seu esposo(a) e, de repente, aquela pessoa tem uma reação intempestiva, aparentemente incompreensível. Por exemplo: diante de uma discussão. Você fala determinada coisa, e a pessoa começa a chorar. Começa a ter uma crise de choro, e você não consegue entender o porquê de o seu ponto de vista ter afetado tanto a ela. Aquilo que você falou não deveria motivar aquela reação. No entanto, a pessoa tem uma crise de choro e, aí, você se pergunta: o que pode ter acontecido? E, no final da discussão, nem você, nem a própria pessoa, teve o controle sobre aquela reação. Pode ser muito bem que, aquilo que você falou, evocou naquela pessoa uma determinada lembrança inconsciente que a levou àquele instante a um determinado pensamento inconsciente, uma memória traumática; fazendo com que ela tivesse aquela crise.

Às vezes, a pessoa pode até dizer para você que não sabia o que estava acontecendo, mas, depois que você falou tal coisa, ela teve aquela reação. E uma reação absolutamente incontrolável. Como ocidentais, temos a tendência, por tradição, de sempre imaginar que as pessoas tenham total consciência sobre aquilo que elas estão fazendo, então, se ela fala determinada coisa, é porque ela quis falar exatamente aquilo. Se a pessoa faz determinada coisa, com a gente, dizemos: fez sabendo o que estava fazendo. Fez porque quis! E isso não é verdade. A psicanálise nos ensina o contrário. E a literatura psicanalítica evidencia isso de maneira farta, imensa. Nós não temos controle total sobre os nossos comportamentos, sobre as nossas falas. Entendendo isso, nós nos tornamos mais compreensivos. É claro que a psicologia bíblica e a filosofia nos dirão que cada indivíduo deve conhecer-se a si e, fazendo isso, à luz da bíblia sagrada e com ajuda de um conselheiro de análise, ela também aprenderá a ter – o que diz a bíblia – domínio próprio. Penso que deve ser um aprendizado mútuo. O agressor e o agredido; ou o ofensor e o ofendido. Conheçamo-nos! E assim, teremos relacionamentos interpessoais saudáveis com todos!