COMPULSÃO PELA AUTOCRÍTICA-I
Existem pessoas que ficam o tempo todo se criticando, se julgando e se condenando. São pessoas que no dia-a-dia, no seu convívio, com as pessoas, tem uma dificuldade enorme para manifestar aquilo que pensa e, para fazerem aquilo que querem, mesmo quando possuem condições e liberdade para fazê-lo. Essas pessoas, também, costumam nas relações interpessoais se sentirem sempre, muito culpadas, e não se consideram suficientemente interessante e seguras, para manterem um relacionamento. Então, isso acaba transtornando o campo das suas relações interpessoais, o término do problema enfrentado por essas pessoas. Como eu mencionei, é o excesso de autocrítica. Elas estão o tempo todo se julgando e prestando a tenção, predominantemente, aos seus próprios defeitos. Elas se esquecem das suas qualidades, se esquecem, das suas competências, e ficam o tempo todo focadas nos seus próprios defeitos; portanto, elas não conseguem ter uma imagem positiva de si mesmas.
Do ponto de vista psicanalítico, uma forma que a gente tem de interpretar o que tá acontecendo com essas pessoas que vivem o tempo todo se criticando é recorrendo ao conceito de superego. Superego, literalmente, é como aquilo que está acima do Ego. Superego, termo que o Freud utilizou para designar, para nomear, uma função, que certamente você já deve ter experienciado aí, no seu dia-a-dia, uma função que faz parte da nossa mente e que é responsável por nos proporcionar o sentimento de vergonha, e o sentimento de culpa, isso porque, o superego é a parte do nosso ego, ou parte do nosso eu, que é encarregada de comparar o eu com a sua versão ideal. A versão ideal que esse próprio eu construiu. Então, o meu superego fica o tempo todo comparando o Jeovan real com o Jeovan ideal; e, aí o resultado desse processo, acaba sendo vergonha e culpa, porque o Jeovan real nunca vai ser igual, jamais vai alcançar o Jeovan ideal.
O superego, então, podemos dizer de forma mais clara, de forma mais simples, como sendo a parte do nosso eu, ou, a parte do nosso ego responsável por nos dar, nos oferecer, o peso na consciência, a famosa ressaca Moral. No dia-a-dia o superego se manifesta conscientemente como aquela vozinha que a gente experimenta, com aquilo que nos, crítica, que nos faz sentir culpados; quando a gente comete alguma coisa que está em desacordo com os nossos próprios padrões morais, ou mesmo, quando a gente pensa em fazer algo que não está de acordo com aquilo que a gente deseja em termos éticos, em termos morais, ou mesmo quando a gente não consegue realizar uma determinada tarefa, uma determinada atividade, e essa atividade, a realização dessa atividade, é considerada como excelente, como importante, do ponto de vista dos nossos ideais. Então, se o superego, essa função mental, é responsável por comparar o nosso eu real, com o nosso eu ideal, e consequentemente, fazer uma crítica, uma avaliação de nós mesmos; a gente pode dizer, que essas pessoas, que estão o tempo todo se criticando, que exibem esse padrão de personalidade, que elas possuem um superego excessivamente feroz. Diferentemente do superego nas pessoas saudáveis psicologicamente. O superego dessas pessoas, que têm esse padrão de autocrítica funciona de uma forma meio desordenada. De uma forma excessivamente feroz e intensa de tal maneira que essas pessoas não conseguem parar de se auto Criticar. É como se o superego delas, não desse sossego sequer, por um minuto.
Nas pessoas saudáveis psicologicamente e, sim, existem pessoas saudáveis psicologicamente. Talvez, a grande maioria das pessoas, seja, emocionalmente saudável. O que acontece? O superego, o ataque do superego, esse ataque feroz de comparação entre o eu real, e o meu ideal, fica o tempo todo ali, criticando eu real. O superego tem uma força contrária que equilibra o seu potencial crítico. Então existe uma força nas pessoas psicologicamente saudáveis, que vão proporcionar para elas, aquilo que a gente costuma chamar de autoconfiança. Então, enquanto o superego de um lado diz: você não é como você deveria ser, tem outra força nas pessoas psicologicamente saudáveis, que dizem assim: não, você é bom do jeito que você é! Você é uma pessoa legal, do jeito que você é! Você é uma pessoa importante, do jeito que você é! Você não precisa se tornar outra pessoa para ser alguém legal. Então, existe essa outra força nas pessoas saudáveis; mas, nessas pessoas que são tema desse artigo, que exibe esse padrão de autocrítica muito exacerbado. Essas pessoas, parecem não contar com essa outra força que proporciona a autoconfiança; então, é como se elas estivessem o tempo todo erradas. Sempre o tempo todo errado. Sempre fazendo tudo errado.