POEMAS, PÉTALAS E VENTOS!
TENHO SÉRIOS POEMAS NA CABEÇA (Autor: Pedro Salomão)
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O QUE NOS FALTA PERDER!

A cada dia que passa, sinto-me distanciando e me desligando desse mundo! É como se não coubesse mais nele e, a cada amanhecer me sinto mais apertado, incomodado. Às vezes, com as situações mais comezinhas. Uma delas, é o trato das pessoas umas com as outras; das empresas com seus clientes; das muitas denominações religiosas, com os seus fiéis; na família, etc. 

Há algum tempo, mantive o contrato de fornecimento de ‘internet’ com uma determinada empresa e, a todo final de mês era um problema, receber os boletos para poder efetuar o pagamento. Antes, era comum as empresas lidarem diretamente com o cliente. Havia aquele contato, se não pouco, ao menos, uma vez por mês; ou, recebia um carnê,  ou recebia o boleto via correio; e, quando não vinha de nenhuma maneira, ligávamos e éramos prontamente atendidos. Agora, as empresas não te atendem mais via ligações (humanas), mas, atendentes computadorizados: disque um, para isso; dois, para aquilo; três, para aquele outro; e por aí vai, até a ligação cair! Outras, nem atendente com voz computadorizada têm mais. Usam, atendimento digital pelo WhatsApp. Foi aqui que eu me emputeci com a provedora de ‘internet’. Não havia mais paciência em mim para aquele inferno astral todo fim de mês! Foi quando me desloquei até a empresa e pedi baixa dos dois pontos de ‘internet’ que fazia uso.

Migrei para outra empresa, ela era pequena, ainda, fazia questão do cliente. Tinha um local fixo para atendimento, te ouvia por telefone, enviava o boleto por todos os meios possíveis, às vezes, chegava em todos eles em simultâneo! Não durou muito, ela cresceu! Com o crescimento, veio também o distanciamento social, a frieza, o descaso! Recebi um aviso: "Prezado cliente, a partir da presente data, todo, qualquer atendimento e relacionamento, empresa cliente, se dará via WhatsApp. Segue o nosso link para sua melhor comodidade. 

Tem sido assim! Com ‘internet’, com bancos, concessionárias e outros! Aqui, eu percebi que já não caibo mais nesse mundo da pós-modernidade. E sinto que, quanto mais passarem os dias, menos caberia dentro dele; ou morrerei esmagado por dentro; ou, serei vomitado! Uma leitura já fiz, ele - o mundo - não vai parar para que eu o acompanhe, ou me encaixe no seu ‘modus’ operandi. Então, voltei meus olhos para as multidões e passei a fazer uma leitura delas em todo mundo, e entendi! Entendi porque tanto desamor naqueles chamados para ser-humanos! Porque tanta maldade, tanta indiferença; falta de compaixão e tolerância. É que estamos nos perdendo. Estamos nos perdendo no mundo virtual, fictício, imaginário e, efêmero, E na contramão, estamos abandonando tudo que é real, tangível e duradouro. Que tem calor, que pode ser sentido! Se estamos nos perdendo de nós mesmos; então, não restará mais nada a perder.

Eu disse para o gerente daquela empresa. Como aquela outra que era grande e se apequenou, por se distanciar dos seus clientes, Vocês também cairão no mesmo erro, e possivelmente, perderão o mercado para outra! Que fizer questão de proximidade, um relacionamento mais humano, por assim dizer. Me ouviram, apenas balançando a cabeça como que concordando comigo, e, eu estava puto de ódio! Minha humanidade ou, falta dela, estava toda ali naquele momento. Me rasguei em verbos, e saí!

Já se passaram alguns dias, depois daquele, mal fadado dia! Para a minha surpresa, hoje recebi um comunicado da empresa com os seguintes dizeres: "Comunicamos aos nossos queridos clientes que a partir desta data, nossos recebimentos se darão por carnê de pagamento. Vocês deverão passar em nosso escritório para qualquer eventualidade, reclamações ou sugestões!"
Jeovan Rangel
Enviado por Jeovan Rangel em 06/05/2021
Alterado em 06/05/2021