POEMAS, PÉTALAS E VENTOS!
TENHO SÉRIOS POEMAS NA CABEÇA (Autor: Pedro Salomão)
Capa Meu Diário Textos Áudios E-books Fotos Perfil Livros à Venda Livro de Visitas Contato Links
Textos

QUANDO DESISTIR PARECE SER A MELHOR SAÍDA

Por Jeovan Rangel

 

Desde meninos, imaginávamos a vida como algo fausto, belo e simetricamente estável em sua contemplativa bonança. Pensávamos que tudo seria um mar de rosas, com muitas fragrâncias e variegadas cores. Mas não foi; não é — e nunca será assim. Não como imaginávamos. A vida sempre se apresentará com suas inúmeras contraposições: desgostos, descalabros e contrariedades.

 

Acordamos pela manhã sem a mínima ideia de como terminará o nosso dia. Os dissabores começam, muitas vezes, no exato momento em que abrimos a porta do quarto aos primeiros raios de sol. Ao descortinar do dia, eis que, de repente, o caos, o descontrole e a histeria nos inundam corpo, alma e mente — tal qual a avalanche de lama da Samarco que destruiu Bento Rodrigues, em Minas Gerais; tal qual a explosão que devastou Beirute, no Líbano. Pronto. Estamos em meio a um monte de merda. E, às vezes, literal.

 

Só enxergamos destruição, caos e morte. São aqueles dias em que não acordamos — somos acordados. Acordados para uma realidade que nunca imaginamos, tampouco desejamos. Arrancados dos braços de Morfeu e lançados numa realidade desapiedada, ofensiva, abrupta e, por vezes, inexorável.

 

Diante de momentos assim, nos estarrecemos e ficamos sem ação. Ficamos extáticos — e também estáticos. Não sabemos o que fazer e, pior, não conseguimos nem definir o sentimento que nos invade a alma e adoece o corpo.

 

Tão inesperado quanto a situação que nos sobreveio, sobrevém-nos uma saída. Uma porta larga e luzidia se abre diante de nós. Aparentemente, é a porta da esperança, da solução. Mas não. É muito mais que isso. É a “solução definitiva” para todos os problemas:

"Vou desistir. Vou jogar a toalha. Vou desaparecer. Acabar com o casamento. Deixar a igreja. Sair do trabalho. Quem sabe fugir para um lugar onde ninguém me conheça, me cobre, me critique ou me aborreça. Melhor ainda — quero morrer. Talvez me suicidar..."

 

Quantos pensamentos como esses nos invadem em momentos assim? Quantos de nós já vivemos situações que nos exasperam e nos desesperam? Momentos em que somos obrigados a viver uma vida que não é — e nunca foi — a vida que sonhamos. Quanto tempo vivemos em paz, com estabilidade financeira, relacionamentos saudáveis, segurança... e, de repente, por uma situação qualquer — ou simplesmente pela presença de uma pessoa — perdemos tudo.

 

A lama da Samarco invadiu nossa casa, nossa vida. Tudo que vemos é o fenecer da existência. A vida morreu. A esperança morreu. A alegria morreu. Todo verde foi coberto por barro escuro. As águas, antes fonte de vida, turvaram-se — e morreram.

 

O que fazer em situações assim? Fugir da realidade? Negar-se a si mesmo? Afundar-se num transtorno psíquico? Entregar-se à depressão? Desistir seria a saída?

 

Entraríamos por essa porta, acreditando ser a solução, mas ela seria como a “Porta da Esperança” do Silvio Santos — fictícia, ilusória, momentânea. E, com certeza, nos levaria a condições ainda mais infaustas, calamitosas, medonhas e desastrosas.

 

O caminho é outro: é a busca pelo equilíbrio e pela serenidade. Ser sereno é “a capacidade de aceitar a si mesmo, a vida e as pessoas como elas são, mantendo sempre uma atitude realista, positiva e sábia em relação a tudo” — especialmente diante das adversidades.

 

Algo que me encanta é a serenidade do povo oriental, especialmente os japoneses. Lembro-me de uma reportagem após o último tsunami no Japão. Um repórter entrevistava um senhor de uns oitenta anos que caminhava sobre os escombros de sua casa. Perguntou-lhe:

— E agora, o que o senhor vai fazer?

Com toda a lenidade, mansidão e equanimidade que a vida lhe deu, ele respondeu:

— Vou recomeçar tudo novamente.

 

Então, diante da problemática que você está enfrentando, não se desanime. Deus escolheu você para viver esta situação porque, certamente, Ele sabe que você tem todas as condições e pressupostos necessários para enfrentá-la — e tirar dela ensinamentos e crescimento, tanto para sua vida quanto para a de sua família.

 

Poderia ter sido com outro, como disse Jackson Ville a Sidney Samora na ocasião em que foi manietado com toda a família, jogado em um banheiro e teve sua casa saqueada e seu carro levado. Mas Deus escolheu você. Poderia ter sido qualquer outro — mas foi você. As razões? Não sabemos. Mas o Eterno sabe.

 

Está ruim? Está difícil? Há muitas pessoas em situação pior que a minha. O fato é: eu não posso desistir. Não posso me dar ao luxo de me cansar, desanimar e viver murmurando.

 

Como diz o adágio popular:

“Eu estava triste porque não tinha sapatos, mas me consolei quando vi alguém que não tinha os pés.”

 

Que o Eterno nos conceda uma semana de êxito — e de muitas lutas. Pois são elas que geram as muitas vitórias que conquistaremos.

 

 

 

Jeovan Rangel
Enviado por Jeovan Rangel em 10/08/2020
Alterado em 09/05/2025