INTRODUÇÃO
Encontramos na Escritura a narrativa em que Jesus tem seus pés ungidos por uma mulher pecadora. Sugiro a leitura do texto bíblico antes de prosseguir com este editorial.
Essa passagem revela a disparidade entre a maneira de Deus agir e a maneira como nós, seres humanos, tendemos a lidar com a religiosidade, o pecado e, especialmente, com os pecadores do nosso tempo. A transformação dessa mulher evidencia a diferença entre a graça de Deus e a religião dos homens.
Gosto de pensar que a melhor definição de graça não está nos arcabouços teológicos — ainda que a chamem de “favor imerecido”. Para mim, graça é o jeito de Deus me amar.
Enquanto não aprendermos e vivermos o amor do jeito que Deus nos ama, continuará existindo um abismo entre o que dizemos crer e o que efetivamente mostramos ao mundo.
Pense comigo:
1. A GRAÇA NÃO DISCRIMINA
O texto diz claramente que a mulher era pecadora — e Jesus sabia disso. O pecado dela não causa repulsa em Jesus. Não o afasta. Ao contrário: ela sente-se atraída. Ainda que se reconheça indigna, quer mudança e se aproxima. Quebranta-se diante da glória, pois sabe que é sua última possibilidade. E Jesus a recebe. Ele a aceita como está. De início, isso basta!
A religião, por sua vez, incrimina. “Levanta a ficha.” Preocupa-se com causas e efeitos, com culpas e responsabilidades, com punições e castigos. Cria filtros para quem deseja se aproximar e insinua: “Você não é dos nossos!”
Mas a graça diz:
> “Venha a mim, você que está cansado e sobrecarregado...”
2. A GRAÇA NÃO VÊ PELO RETROVISOR
Jesus via o que a graça de Deus e o poder do Espírito Santo poderiam fazer na vida daquela mulher. Ele vê além das aparências. Sabe no que pode se transformar aquele que é alcançado pelo seu amor. É nisso que Ele está interessado.
Não leva em consideração o que fomos, mas no que nos tornaremos.
Ouvi de alguém que a religião é “arqueológica” — mantém os olhos fixos no passado. Os fariseus viam o que ela havia feito. Consideravam apenas o passado, calculando todos os seus pecados, pesando seus erros, somando suas falhas e dizendo: “Não há quem pague essa dívida!”
A religião condena:
> “Você nunca conseguirá!”
A graça, porém, proclama:
> “Eu lhe aliviarei!”
3. A GRAÇA É BASEADA SUFICIENTEMENTE NA FÉ
A única coisa que Jesus levou em conta foi a fé que aquela mulher demonstrou por meio de seu ato de arrependimento, humilhação e desprendimento.
Basta!
A religião baseia-se nos méritos humanos e nas obras. Ela pensa: “Ela não faz as orações que nós fazemos... Não jejua como nós... Não vai à sinagoga... Não oferece sacrifícios... Não se veste como nós... Não fala como nós... Não tem o que nós temos...”
Mas a graça liberta:
> “É por meio da fé, e não das obras, para que ninguém se glorie.”
Enquanto a religião gera culpa e desespero, a graça gera arrependimento e paz. As lágrimas que lavaram os pés de Jesus revelam a dor de um coração partido. Elas demonstram disposição total de entrega. E o perfume reflete a prontidão para seguir.
Que a graça nos guie.
Que a graça nos sustente.
Que a graça seja vista em nós!
Jeovan Rangel