A plenitude do vazio
que agora te ocupa
traz a ti a inércia de dias
sem significado.
No decurso desta tua vida,
o que me preocupa
é o enganoso coração
que te esconde o pecado.
Distrai-te com fito
de desviar-te da verdade
e roubar-te a honradez,
para que não vejas os teus desvios.
Contentas-te com as iguarias
de toda uma falsidade,
e o mal já não te parece mal
quando em tuas veias corre como rio.
O pior é quando de ti se esvaem
todos os princípios,
a ponto de não mais creres
em coisa alguma.
Não és mais fanática,
e não mais te ofendes:
és sal insípido que já não salga,
que num mar de lama se avoluma.
Carcomida alma
em dura realidade,
a tentar em vão viver
teus ledos enganos.
Morte é o salário
por todas as tuas maldades,
e o inferno, por todos os teus dias,
será o teu quinhão,
por todos os teus danos.