(Versão aprimorada)
Olho ao redor — não vejo nada,
apenas o silêncio escuro da madrugada,
que faz da minha alma — a mais vazia —
o palco da plenitude da solidão.
Fujo da luz da razão,
pois é no breu da noite que tua imagem surge,
deitada ao meu lado, sobre a cama.
Estremeço, contorço, ardo em chamas vivas,
sem ao menos poder tocar-te.
Ao meu lado, a lingerie vermelha jogada ao chão,
e o poema que escrevi, preso em tuas mãos,
como se ainda estivesse... a me esperar.
Corações rabiscados, sonhos sobre a mesa,
a última centelha a incendiar meu ser.
Sinto o aroma do teu perfume,
e tu te tornas, outra vez, meu lume,
para que, no escuro, eu possa tocar-te.
Deslizo as mãos por cada curva do teu corpo,
absorto, viajo, deixo-me levar.
Sei que preciso me desintoxicar de ti,
para não sentir mais a tua presença.
Sei que o que sinto é só abstinência
de um amor tão grande que perdi.
— Jeovan Rangel